O show de viola que nunca acabou...


Foi num sábado à noite o show com os violeiros Paulo Freire , Roberto Corrêa e Badia Medeiros lá no Itaú Cultural, que fica na Avenida Paulista, centro empresarial de São Paulo. Os dois primeiros eu já conhecia como extraordinários músicos e como pesquisadores da nossa cultura popular, daqueles que são respeitados, coisa e tal. O "Seu" Badia era a primeira vez.

Maravilhosa e gratificante a apresentação em homenagem às duplas caipiras que marcaram época em nossa música mais pura. De quebra, uma declamação emocionante de uma passagem da vida de Angelino de Oliveira – compositor de Tristeza do Jeca -, feita pelo Paulo Freire.

Após o show, a tradicional compra obrigatória do cd e os tradicionais autógrafos, acompanhados com boa prosa, simpatia, educação e extrema simplicidade dos músicos e pessoas (privilegiadas!) ali presentes, quando uma menina me pergunta:

- O senhor gosta de música caipira? - E de pronto respondo:

- Ô sô, olha prá mim e já é uma resposta afirmativa. - E ela se apresenta:

- Meu nome é Juliana, sou atriz do grupo Pombas Urbanas e estamos fazendo uma pesquisa com a história da música caipira. Nos reunimos toda terça, em nossa sede, para um sarau onde conversamos, contamos causos, ouvimos música e relatos de pessoas que vão servir de base para montagem da nossa peça.

Não é preciso alongar muito para dizer que três dias depois eu estava lá, no meu primeiro sarau, e que seria assíduo por vários meses até a apresentação do trabalho que aconteceu na Praça da República. E neste sertão paulistano fomos descobrir que eu e a Juliana somos "caipiras vizinhos": eu de Paraguaçu Paulista, ela de Assis, cidades separadas por poucos quilômetros, um tirinho de ispingarda!

As noites foram de grande prazer. Conhecer os demais membros do grupo, músicos, atores, pesquisadores e muitos outros. Vale aqui uma lembrança saudosa e especial do diretor Lino Rojas que saiu lá do sertão peruano para promover em nosso sertão paulistano a integração das nossas culturas - ô Ju manda um texto falando do trabalho do Lino. Serviam quentão e pipoca quando resolvi tornar o ambiente mais mineiro com o "patrocínio" de um amigo e proprietário de uma fábrica de pães de queijo, perfumando ainda mais o clima caipira.

Com o termino dos saraus e já na fase quase final da montagem foram realizadas algumas apresentações que focalizavam alguns aspectos da preparação da peça e, em seguida, formava-se uma mesa com vários convidados (especialistas) para uma discussão sobre o tema. Inezita Barroso e Kátya Teixeira, foram as convidadas na noite da música, com altas recomendações de Oswaldinho e Marisa Viana, do Café Fubá, que por estarem em estúdio, gravando, não poderiam comparecer.

É ai que começa mais uma grande história da minha vida, que foi conhecer a Kátya, extraordinária cantora, música, uma grande pesquisadora da nossa cultura (recentemente ficou uma semana no Xingu e retornou a São Paulo totalmente "marcada" de jenipapo pelos índios) e que hoje é minha grande amiga. É! Preciso reconhecer que para isso foram precisos muitos quilos da passoquinha de Paraguaçu, a melhor do Brasil.

É o nosso sertão paulistano mais do que nunca presente em nossas vidas. Obrigado Ju, obrigado Kátia e que o som da viola nunca acabe.
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