Quem quer dinheiro???

Em texto publicado neste sitio no dia 26 de junho do ano passado a Fernanda contou-nos do contato ou, dependendo do ponto de vista, invasão de privacidade que é praticada pelos vendedores por telefone responsáveis por um dos males da moderna forma de vendas chamada telemarketing. - “Estarei enviando um cartão de crédito com direito a outros adicionais tão logo a senhora confirme alguns dados". A proposta foi interrompida pela vendedora ao saber da profissão da nossa Editora Chefe, e "estar considerando" o salário insuficiente para ter um cartão de crédito:–“óquei, senhora, infelizmente não podemos continuar com a proposta, tenha uma boa tarde!”. E a Fernanda, injuriada, preferiu sair pela tarde caminhando por esta cidade e nos brindando com mais um primoroso texto (primoroso é “chover no molhado” pois todos são, né mesmo Soll?).

Que a nossa jovem Editora fique sabendo o quanto as professoras eram valorizadas em outros tempos quando eram Donas com letra maiuscula. Dona Nair – a primeira professora - Dona Nina, professora de Admissão... tinham todo o respeito e valorização de uma cidade. Bons tempos em que o salário não era o mais importante para obtenção de um crédito e sim o conhecimento, a palavra e, quando eram professores, o famoso “fio do bigode”. Eram os tempos das Casas Bancárias em que o “dono” era morador da cidade podendo ser um comerciante ou fazendeiro por exemplo. Foi em uma dessas Casas Bancárias lá em Marilia o começo do império financeiro Bradesco com o Amador Aguiar.

Lá pelas bandas de Paraguaçu tinha a Casa Bancária Manilio Gobb; em Jaciporã também tinha uma e o Joca está ai para confirmar; em Cerqueira César vamos ver o que diz o Giba. Elas existiram até o ano de 1.964 quando a Redentora implantou a Reforma Monetária cujas bases perduram até os dias atuais. Bons tempos em que fazer um empréstimo ou guardar dinheiro era direto com o banqueiro, o Sr. Manilio, que também atendia as pessoas na rua ou em seu comércio de secos e molhados que funcionava na Galeria Gobbi ao lado do banco. A Rua Manilio Gobbi é atualmente uma das principais de lá. Acompanhei meu pai quando certa vez precisou de dinheiro para comprar o carrinho de pipoca e acrescentar algum a mais no salário que recebia da Anderson Clayton. Antes de chegar ao banco encontrou-o Sr. Manilio na rua, disse que precisava de um empréstimo e na hora o Sr. Manilio tirou um papel em branco do bolso e com a sua caneta Parker tinteiro escreveu com a melhor e mais legível caligrafia: – “ Sr. Alfredo (o tesoureiro do banco) favor entregar ao Sr. Octavio a quantia de....”. Pronto, estava efetuado o empréstimo e a juros que um operário poderia muito bem pagar e não os “da hora da morte” de agora.

Viu Fernanda como era bem mais fácil?. É, mas também n
ada está perdido, a concorrência obriga os bancos a oferecer crédito de várias formas e uma é atraves das meninas e meninos com uniforme de financeiras – pertencentes aos bancos para uma forma de contato mais popular - que abordam as pessoas nas ruas perguntando se precisam de dinheiro. Estão em todos os bairros e principalmente no Centro, o coração financeiro de São Paulo.
É impossível passar por lá sem receber a proposta e, observem, são jovens bem preparados fisicamente para caminhar ao lado do abordado desviando de camelôs e de trombadas com as pessoas que caminham apressadas. Observem as meninas como são baixinhas (sem preconceito) e agilíssimas e, acho, são contratadas pela facilidade de comunicação e preparo fisico. Caminham lado a lado por alguns metros e se não conseguem convencer retornam e já abordam o próximo.
Não é nada, não é nada e tres bancos brasileiros estão entre as quinhentas maiores empresas do mundo.


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