A descoberta

Se "a vida é uma eterna aprendizagem" a descoberta, na modernidade de hoje, é uma eterna e às vezes frustrante e desnecessária necessidade (se é que isso seja posssível). A gente fica um tempão procurando saber o que é I Phone, Ipod, kindle, blackberry, blue tooth, tentando falar a linguagem HTML para poder conversar com os sobrinhos. Todo "pimpão" acho que dá para começar uma conversa e eles: " Tio, isto já está ultrapassado, já existem versões novas".

Ficar decepcionado não adianta e o melhor a fazer é não tentar entender, amanhã já estará obsoleto o aparelho comprado hoje. Certo estava o filósofo, o grande Nelson Ned. pois "tudo passa, tudo passará". Puxões de orelha à parte vindos da nossa Editora Chefe, antenada e premiada, acho que dá para administrar alguma coisa, tais como esta postagem, conversar por chat, lembrar do nickname, passar SMS, acessar o You Tube e pesquisar no Google.

O reclame no jornal anuncia que "the book não está mais on the table", por Deus, onde estará?. Na sequência a informação que agora está no Kindle da Amazon, o leitor de livros eletronicos da Amazon. Estou começando a achar que dá para encarar quando leio a notícia que a Penguin, com o lançamento do IPad em abril, apresentou o projeto de transpor suas obras para o computador com tela sensivel ao toque, e junto recursos interativos, como áudio, vídeo e, ah! deixa prá lá o resto.

Como não estou protegido por nenhum antivirús, mesmo que via firewal e para não ser contaminado, desligo a e me desligo da máquina e os compromissos me levam para as ruas. Entre uns e outros tenho a retirada da segunda via da identidade. No caminho para o poupa tempo da Luz um sebo da Avenida São João me dá uma idéia maligna: vingança. Lá os the books não estão em tables e sim em rústicas estantes, assim como os elepes. Também posso pegar um virus vindo da poeira mas descubro um elepe rarissimo da Marisa Gata Mansa, aquele que tem a maravilhosa Viagem. Encontro também uma tese de doutorado com o título de O Sertão Medieval, origens européias do teatro de Ariano Suassuna. Estou vingado.

Com a nova identidade na mão encontro um senhor alegre e feliz vindo em minha direção mostrando também a sua identidade. Imagino ser uma praxe do local as pessoas exibirem os novos documentos e, quem sabe ser convidado a participar de comunidade no Orkut. Com aquele sorriso diz: " olha só o que descobri, a vida inteira todos me chamaram de Aldo, desde criança, e agora sei que o meu nome é Noroaldo". Vindo lá dos sertões, apesar de morar em São Paulo há muitos anos, só agora foi pedida a sua identidade, aposentadoria talvez. O único documento é a certidão de nascimento onde consta o nome de "nascimento" e não o nome por que é conhecido. "Convido o amigo para tomar uma cachacinha comigo para comemorar a descoberta do meu nome verdadeiro". Recusar convite para dividir uma alegria não faz parte dos meus males, botecos por ali não faltam. A alegria do Noroaldo não tinha limites: " e sabe que até estou gostando do meu nome?, Noroaldo até que é bem bonito, não é não?". Quando o novo homem começou a oferecer cervejas para as meninas que por ali trabalham na profissão mais antiga considerei cumprida a minha participação, parabenizei-o mais uma vez e recebi aquele abraço de quebrar costelas.

Caminhando uma quadra "dou de cara" com o Bar do Léo, dizem o melhor "chopps" de Sampa, eali na esquina das Ruas Aurora e dos Andradas. Encosto no balcão, lá não precisa pedir, tomo o primeiro para saudar o Noroaldo, a vida, a singeleza, o progresso com calor humano, as pessoas procurando apenas serem felizes e, enfim, o ser humano.

Foi o primeiro "chopps " e a quantos a matemática alcançou é assunto para a próxima conversa.

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