SAPIRANGA E A MUSICA DA ZONA DA MATA: "VAMOS TIRAR O BRASIL DA GAVETA"







Quem assiste ao programa Sr. Brasil conhece a expressão “Vamos Tirar o Brasil da Gaveta”, referência a descobrir e mostrar personagens de nossa cultura que por razões que nem vale a pena mencionar aqui, não encontram espaço na grande mídia nativa. Este Ser-Tão Paulistano tem entre suas premissas o incentivo à garimpagem, a descoberta de caminhos tornados invisíveis por camadas e camadas do pó da insensibilidade ou mesmo do lixo cultural que, dado sua superficialidade, logo é consumido e também descartado, daí a necessidade de produção em “massa”, pois o “mercado’ assim o exige... Por conta disso, o trabalho sério de tanta gente, por desinteresse, negligência ou ignorância proposital, é esquecido nos fundos de gavetas e lá dormitam, sob o rótulo de “difícil”, “complexo”, “hermético”, quiçá a espera de algum dia no futuro, vir à luz de um mundo que talvez venha a compreender... Tudo balela! Basta botar o disco na vitrola, fechar os olhos e deixar rolar; ou no caso dos livros, deixar fluir a palavra, que ela vem a nosso encontro. As Musas nos sussurram os segredos de tudo o que é belo! O resto são modismos da vez, que se esgotam ao deixar de ser novidade.

Dia desses, minha amiga Andrea Marques, sensível artista plástica e uma das pessoas que melhor conhece o valor da obra de Elomar, mostrou-me o trabalho de um músico chamado Sapiranga. Confesso que não o conhecia , como não conhecia a música da “zona da mata”. Ouvi-lo foi uma surpresa boa e generosa. Sua voz e os caprichados arranjos são como uma ponte entre o sertão e o mar.
A “Zona da Mata” que esse jovem cantor, violonista e compositor nos mostra é um pouco mais do que a imensa e rica região entre o litoral e o interior, que foi sistematicamente saqueada e dilapidada ao longo de cinco séculos: nos habituamos a ver a Zona da Mata como uma terra de assombrações, como o símbolo de algo que foi irremediavelmente perdido, cujo símbolo maior é o Mico Leão Dourado, que João Bá perpetuou numa bela homenagem a Hermeto Pascoal. Pois a Zona da Mata de Sapiranga tem frescor de poesia ao vivo e de esperança.
Antonio Raimundo de Jesus Neto, o Sapiranga, nascido em Gandu, região caucaueira da Bahia. Sua atuação como pesquisador e divulgador conectado ao resto do mundo estabelece um interessante diálogo com artistas de muitos outros rincões e sotaques, como Xangai, Almir Sater, Papete, Zé Geraldo, Margareth Menezes, Raimundo Sodré, João Omar, Armandinho, entre outros. Em 2006 gravou o CD Pássaro Noturno com voz e violão, sob o patrocínio da prefeitura de Jundiaí. Participou de inúmeros projetos, dos quais destacamos:

- Musica no Museu, Jundiaí, SP – 2005, com o projeto Ventos Solares
- Escola de Comunicações e Artes da USP;
- Teatro Clara Nunes, Diadema – SP;
- Concha Acústica do Teatro Castro Alves e Pelourinho, BA;
- Cinelancia, RJ;
- Sapiranga ConVida, Salvador – BA, 2009, com participação de Xangai, Roberto Mendes, Fábio Paes, Ton Ton Flores, entre outros;
- Sapiranga ConVida, edição 2010, com Raimundo Sodré, Carlos Ribeiro e o violonista Daniel Veloso;
- Sapiranga ConVida, Nas Trilhas do Interior, a partir de maio deste ano (2010). Tem a proposta de divulgar artistas da região onde chega, mesclando música e literatura (essa idéia lembra o Feito Por Nós, com a nossa Katya Teixeira, que quem já viu não esquece. Ei Katchêrê! Tá na hora de voltar!). O Projeto começou no Recôncavo, na cidade de Cruz das Almas. Atualmente está no Tom do Sabor, Salvador BA, com participações de Margareth Menezes, da escritora Lúcia Santori-Carneiro e do instrumentista Fabrício Rios, onde seguira até o final deste ano.

SERVIÇO:
Assista Sapiranga em única apresentação em Jundiaí dia 27/08 sexta feira às 20h no Espaço Cultura Viva - Rua Prudente de Moraes, 949 (próximo ao sindicado dos bancários) Ingressos a 15,00. Maiores informações pelos telefones (11) 45863294 (11) 45863294 e 68160830.
Adbox