Adeus aos bustos

A Prefeitura de São Paulo decidiu que não vai mais autorizar a presença de novos bustos em praça pública. Não é nenhuma medida de segurança, prevenção ou preconceito para com possíveis manifestações das mulheres frutas dos programas de televisão capitaneadas pela mulher melão. Também nada contra uma possível mudança para cá da Cicciolina que está se aposentando e pleiteando uma polpuda pensão do parlamento italiano. Um papo puxa o outro e falando da Itália, ainda no mesmo papo, o dos bustos, um salve ao cinema paradiso das imagens de Sophia Loren, Cláudia Cardinale e Gina Lolobrigida. E aquela cena do filme Satânico Dr. No, um dos primeiros 007, "meu Deus, o que foi aquilo"?. Úrsula Andress, de biquíni, saindo do mar. Se fosse no Bar do Seu João o filósofo José Carlos Judeu diria com a segurança de todos os copos: "quem viu viu; quem não viu não verá jamais". No Brasil do sol e da liberdade a musa das diretas Fafá de Belém, em um imaginário concurso mundial com as acima citadas, competiria peito a peito até o final.

Os americanos, até hoje, sempre deram um grande valor às medidas, amplas, dos bustos femininos e a nossa eterna Miss Brasil Martha Rocha que o diga, por sinal vem dizendo desde o ano de 1954. Naquele ano, era a candidata com todas as indicações de vencedora e perdeu para a americana. O júri concluiu que Martha Rocha não podia ganhar por seus quadris serem maiores que o busto em duas polegadas.

Foi uma divagação devagar demais, podem até me escrever que "esse papo já tá qualquer coisa, você já tá pra lá de Marrakesh" que vou concordar. Falar sobre bustos femininos é cultura do passado, tão antigo que a galera de hoje, existia galera de ontem?, vai ensinar: "ah!, você está falando sobre 'us peito' das mulheres".

Voltando à cidade, dos dias atuais, a Comissão de Gestão de Obras e Monumentos Artísticos em Espaços Públicos informa que "pontuar praças e canteiros centrais da cidade com bustos e cabeças, dada a dimensão da cidade, nada mais representa que poluir a paisagem". Bustos são uma homenagem tradicional, em todas as culturas, em todas as épocas para valorizar e lembrar de alguém que, na maioria dos homenageados, deixou alguma coisa de bom para a humanidade. Parece ser alguma perseguição, da comissão, com os bustos, pois autoriza outros tipos de escultura, de bustos não, e encerra o papo esclarecendo que "não se pode ficar preso a uma idéia do século 19". Gostando ou não, achando bonito ou não, concordando ou não fica difícil imaginar o que tanto "um bustinho" aumenta de poluição visual para uma cidade tão poluída de imagens de mau gosto. Certo é que boa parte da população não dá nenhum valor, passa todos os dias em uma praça e nem percebe os bustos ou estátuas, usa muitas vezes para outras necessidades e considera como que uma extensão de muros e paredes. No Largo do Arouche, em frente à sede da Academia Paulista de Letras, estão colocados vários bustos de membros, da Academia, que já se foram e alguns em situação mais que deplorável, principalmente com a ausência de identificação dos homenageados.

É, em caso de curiosidade, uma forma de conhecimento, de saber mais de alguém que faz parte da história da cidade.
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