Mais uma lei.

Os nobres, pelo menos é assim o tratamento entre eles, vereadores, deputados estaduais, federais e senadores à cada pesquisa, a cada eleição estão cada vez mais "sem prestígio". No estado de São Paulo quase um milhão e meio de eleitores votaram no Tiririca para que ele descobrisse o que faz um deputado. Ate agora não descobriu, pois não contou e deve estar também sem saber o que fazem.

O que fazem com dedicação é votar datas comemorativas, instituindo os famosos dias do astronauta, do cacau, da sogra, da babá, do jipe, do jegue e muitos e muitos outros dias. Deve ter algum já imaginando projeto para que o ano tenha mais dias, por estar havendo um acúmulo de homenagens e já sendo necessária a divisão dos homenageados por hora. Na cidade de São Paulo os nobres edís votaram, e os prefeitos sancionaram, leis instituindo dias como o da Tia Solteirona, do pescador amador, do passarinheiro, do tamboréu, da esposa do Pastor Evangélico, do mel e outros trezentos e poucos. Não entendi a comemoração do 14 de maio que é o dia do preso e a do 13 de agosto que é o dia do encarcerado. Acho que nem eles entenderam ou sabem o que votaram. Quem acompanha o programa CQC sabe o quanto são desinformados os deputados e senadores. Muitos não tem a mínima idéia de projetos que assinam, não sabem responder a questões básicas e necessárias, são totalmente ignorantes em assuntos do dia a dia da nação. Parece que não leem nem as capas dos jornais tamanha a desinformação.

É nesta toada que um deputado federal aqui de São Paulo está com um projeto tramitando na Camara. Obriga que restaurantes, e demais estabelecimentos que servem comida, coloquem no cardápio os valores calóricos dos alimentos. Na justificativa o nobre representante do povo alega que o brasileiro ingere comida de alto teor calórico por absoluta falta de informação. Prevê o projeto que o estabelecimento que não cumprir a exigência sofra multa, suspensão das atividade e cassação da licença de funcionamento.

Começo a imaginar como será, principalmente aqui em São Paulo na hora do almoço dos apressados paulistanos, a enorme fila das pessoas nos restaurantes self-service analisando as calorias dos diversos pratos. No bar do Seu João alguém vai estar preocupado com as calorias da famosa calabreza na chapa, do seu caprichado lanche que é feito com um tempero que só ele conhece?. Do alto dos seus quase oitenta anos e da já esgotada paciência lusitana da Ilha da Madeira ele simplesmente vai dizer: "se é assim não faço mais nada, ninguém vai me obrigar a escrever esse negócio de caloria". E no Aconchego do Assaré, também conhecido por Cantinho do Patativa, como que o Ribinha vai calcular o teor calórico do baião de dois e dos acompanhamentos que pode ser galinha ou buchada de bode, da manteiga de garrafa?. Do teor calórico do queijo coalho na chapa, servido como aperitivo, da rapadura servida como sobremesa e também conhecida como sorvete cearense.

Conforme quer o deputado as informações calóricas deverão constar em um detalhado cardápio, inexistente no Bar do Seu João, e no Ribinha uma caprichada folha apenas com os nomes dos pratos. No Bar do Giba, lá em Moema, não há cardápio e lousas afixadas nas paredes informam os nomes das comidas e aperitivos. E o famoso, glorioso, cantado em prosa e versos e tipico acepipe paulistano churrasquinho grego pode ter sua extinção decretada junto com o projeto do deputado. Se a origém da carne e do vinagrete já são o grande mistério, o cálculo do teor calórico vai exigir muito do nutricionista a ser contratado.

No encerramento destas devo esclarecer que sou totalmente favorável aos bons modos e costumes higiênicos e para isto existem os competentes departamentos de fiscalização. Convido o nobre deputado a sair dos refrigerados gabinetes e dos caríssimos restaurantes frequentados pela classe politica do Brasil oficial e conhecer o Brasil real dos seus eleitores.

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