

Deixando o Murzelo Alazão – com arreios novos em folha – num mourão que foi providenciado com antecedência, logo na entrada o teatro, lá adentramos. De cara, depois de entregarmos o convite, fomos inquiridos sobre quem era o autor e antes que eu dissesse que ambos éramos autores, pois a Musa sempre participa de meus textos, seja opinando ou simplesmente pela viva presença, ela, a Musa, apontou para mim e a menina da recepção me tascou uma espécie de presilha no pulso, à maneira como fazem com pacientes nos hospitais públicos ou nas maternidades: era a maneira de identificar “autores” em meio a centenas deles, nenhum conhecido. De soslaio olhei para trás e felizmente o Murzelo não viu, pois se o tivesse feito, certamente relincharia ou por despeito ou simplesmente para tirar uma com minha cara, como a dizer: “tá vendo como se sentem os animais de raça?”

Deve-se, diga-se a bem da verdade, que a iniciativa de transformar o conteúdo de um site sobre a cidade de São Paulo em livro é algo louvável, especialmente por se tratar de pessoas anônimas, cujos textos não possuem caráter literário, apesar de muitos, diria a maioria, possuírem grande beleza: ali estão memórias de quem vive ou viveu em Sampa, descrição de fatos cotidianos, do tipo que não aparecem nos livros de história ou na grande imprensa. Personagens, situações dramáticas, singelas, humorísticas ou pitorescas, compondo um vasto painel da cidade. Tudo isso é memória de Sampa e será distribuído gratuitamente nas bibliotecas e outras instituições.
O espetáculo musical, precedido pelas inevitáveis falas dos políticos que apoiaram o projeto, teve momentos inesquecíveis. Bem encadeado pelo jornalista Chico Pinheiro, sempre contextualizando a obra com a história de Sampa: as músicas, os poemas, as justas homenagens a personalidades como Paulo Vanzolini, Billy Blanco, Zica Bergami, Alberto Marino Jr. (da rapaziada do Brás), todos presentes,. Não faltou, como jamais deveria deixar de ser, a justíssima homenagem ao eterno Adoniram Barbosa.
A apresentação em si teve momentos primorosos: Pery Ribeiro em grande forma; Claudya; Quinteto Preto-e-branco. Jair Rodrigues foi o ponto alto, com um arranjo inédito para Disparada, um esfusiante diálogo entre o violão e a Orquestra, além do piano de Amilson Godoy. Com Jair, se apresentou a cantora Fabiana Cozza, um vozeirão jazzístico, representando, deveras, um estilo muito comum nas noites da paulicéia desvairada.....
Finalmente chegou o momento de ver impresso, materializado literalmente, a crônica “A Resistência do Forró”. Qual não foi minha surpresa ao vê-lo mutilado. Sabe-se lá pos motivos, cortaram a parte em que contava o do surgimento do bairro Jabaquara, suas origens caboclas e indígenas... Bom, não era noite para me aborrecer e, para o bem geral, é bom que se diga que o texto, originalmente publicado no Sertão Paulistano, lá está na íntegra.
O espetáculo musical, precedido pelas inevitáveis falas dos políticos que apoiaram o projeto, teve momentos inesquecíveis. Bem encadeado pelo jornalista Chico Pinheiro, sempre contextualizando a obra com a história de Sampa: as músicas, os poemas, as justas homenagens a personalidades como Paulo Vanzolini, Billy Blanco, Zica Bergami, Alberto Marino Jr. (da rapaziada do Brás), todos presentes,. Não faltou, como jamais deveria deixar de ser, a justíssima homenagem ao eterno Adoniram Barbosa.

