No balanço da (minha) rede...

Minhas memórias do sertão não existem. Apenas vejo um saudosismo próprio de uma geração sem história, de um pai que, longe da surdina, declara: “filha, você é a ovelha negra da família”, manifestando-se contra esta vida sossegada do tipo “eu moro com meus pais”, cheia de sombra e água fresca.

Fazenda? Apenas aquela que João de Santo Cristo abandonou, “só para sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu”. O cara virou bandido “enquanto Mônica, tomava um conhaque no outro canto da cidade”. Poético? Não sei. Só sei que “eu acho que gosto de São Paulo”, o único ser-tão de mim que conheço, mas não tão bem assim.

Eu vou por ai procurando saci-pererê pela cidade. Nunca vi um, mas tenho o privilégio de ter bons amigos e de poder ouvi-los pelos cantos da metrópole. Ainda me lembro quando cheguei no Café Fubá pela primeira vez, só para um brinde de um sertão que não conheço, e que aprendi escutar na viola.

Domingo passado foi dia dos pais lá no Centro Cultural Vergueiro. Coisa boa de ver, o Oswaldinho e a Marisa no balanço da (minha) rede.


______________
Ficha Técnica: Causos e Cantorias
Oswaldinho Viana: voz, violão e viola caipira.
Marisa Viana: voz e percurssão de efeitos.
André Perine: baixo e violão.
Daniel Viana: violão e viola caipira.
Pratinha: flauta transversal e bandolim.
Galba: violino e rabeca.
Pixú Flores: percurssão.
Adbox