O signo da cidade

Então... a Editora Chefe cobra: “ e ai... anda tanto por São Paulo, vai a tantos botecos, vê tantos espetáculos culturais, vai a sarau do aniversário de São Paulo no Bar do Museu, ao lado de Assis Chateaubriand, Silvio Caldas, Tarsilla do Amaral, Lígia Fagundes Telles, vê a Inezita Barroso, os Trovadores Urbanos e o Eduardo Gudin de madrugada no Mercadão enquanto come o pastel de bacalhau, o sanchuiche de pernil, comemora o aniversário da cidade no Salve Jorge do Centrão e não registra nada, não escreve nada?”. Dominar as artes da escrita é apenas um dos muitos atributos da Fernanda – estou “elencando” , árduo trabalho de pesquisa, tudo que ela já fez e continua fazendo para que todos conheçam um pouco mais da nossa jovem Chefia.

Então... é final de semana e seguindo a toada, da viola, do Giba a dica é: “ver” este sertão pelos olhos dos outros e depois seguir até Embu, ali mesmo, "um tirinho de ispingarda".
A cidade de São Paulo é cenário de vários filmes que, a depender da “ótica” dos cineastas retratam-na “pelo bem ou pelo mal” - um dos primeiros filmes ainda na década de sessenta é o São Paulo S/A, de Luiz Sérgio Person – e portanto sujeito às mais variadas criticas.
Está em cartaz O Signo da Cidade, com roteiro da Bruna Lombardi, direção do Carlos Alberto Ricelli e “estrelado” (como diziam os espectadores de antigamente) por atores já consagrados, outros do teatro alternativo paulistano e com várias participações especiais ou “pontas” também prá lá de especiais . No filme estão os moradores, os habitantes, os amigos, os conhecidos que vemos no dia a dia, outros que não queremos ver, não queremos conhecer, desviamos, achamos que não é com a gente. Para poder mostrar um pouco desta cidade e, não poderia ser diferente, os personagens sâo tristes, violentos, sem esperança, mas ao mesmo tempo alegres, com esperança, solidários, bons, companheiros, amigos, que acreditam na vida, na solidariedade e num futuro diferente. Foi totalmente filmado nas ruas, em hotéis e casas reais e nada em estúdios. Para nós paulistanos, aqui nascidos e os “de fora” é prazeiroso “ver” a cidade e reconhecer algumas locações. Belo roteiro, bela direção, belas interpretações – uma cena, sem diálogos e sem fundo musical, entre uma enfermeira e um doente à beira da morte é uma das mais lindas e emocionantes. É lugar comum mas: uma declaração de amor a São Paulo.

Da trilha sonora, com letra de Bruna Lombardi, música de Carlos Alberto Ricelli e interpretação de Caetano Veloso.

Sozinho na cidade

Pra onde ela foi a cidade que eu tinha

e tudo o que era meu...
Eu tinha o chão, tinha o céu e agora
nem sei o que aconteceu.
Você foi embora e a rua vazia
a casa vazia doeu...
ainda queria dizer tanta coisa,
mas não deu...
Para onde foi tudo que eu tinha
pra onde você foi
e eu
vou prá onde?
Aonde a gente se esconde
do que aconteceu...
ainda queria dizer tanta coisa
mas não deu...
nessa cidade tão cheia de gente
ninguém sabe o que você sente
ninguém quer saber de ninguém
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