Na rua Direita, "do lado direito da rua Direita olhando as vitrines eu a vi", a oferta hoje, acompanhando os tempos modernos, é de conserto, desbloqueio e venda de celulares, em espaço anteriormente ocupado por oferta de calças jeans. Na Barão de Paranapiacaba é o verdadeiro "corredor polones", se é que eu saiba o que é e o porque do nome, passar pela rua entre dezenas de vendedores com cartão e mostruários das dezenas de lojas de jóias ali existentes.
No começo da XV de Novembro duplas de repentistas se revezam tendo como colegas de trabalho os vendedores, tipo pomadas milagrosas, que caractereizam-se por pedir que os passantes formem um círculo para apresentar uma mágica e em seguida oferecer os produtos.
Uma paradinha respeitosa com os repentistas: a maioria das duplas é muito boa, observadores das pessoas, inteligentes nos repentes (?), para o engravatado, para a moça elegante, a senhora um tanto gordinha, entre centenas de tipos diferentes. Bem informados, atualizados, as frases criadas, com duplo sentido às vezes, agradam e as palmas e risadas são a prova do sucesso. Eles merecem o realzinho colocado no chapéu.
"Meu periquitinho verde
Tire a sorte por favor
Eu quero resolver
Este caso de amor
Pois se eu não caso
Neste caso eu vou morrer".
"Naquele bairro afastado
Onde em criança vivias
A remoer melodias
De uma ternura sem par
Passava todas as tardes
Um realejo risonho
Passava como num sonho
Um realejo a cantar."
Dentro do tema a letra (e também musica) de um poeta mais novo conhecido por Chico, o Buarque de Holanda.
"Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar
Já vendi tanta alegria
Vendi sonhos a varejo
Ninguém mais quer hoje em dia
Acreditar no realejo
Sua sorte, seu desejo
Ninguém mais veio tirar
Então eu vendo o realejo
Quem vai levar
Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar
Quando eu punha na calçada
Sua valsa encantadora
Vinha moça apaixonada
Vinha moça casadoura
Hoje em dia já não vejo
Serventia em seu cantar
Então eu vendo o realejo
Quem vai levar"
Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar
Quem comprar leva consigo
Todo encanto que ele traz
Leva o mar, a amada, o amigo
O ouro, a prata, a praça, a paz
E de quebra leva o harpejo
De sua valsa se agradar
Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar...