Letras e letra.

Momentos de ócio, não o criativo e também o recreativo, em frente à televisão no final de ano lá pelas bandas do interior. Um programa da globo com o   cantor leonardo, assim mesmo, em minúsculo, a atração do quadro do programa, não me lembro qual. Depois de amenidades de perguntas e respostas o cantor é convidado a cantar e perpetra a seguinte letra:

Vou locar uma Van
E levar a mulherada lá pro meu apê
Que é pra gente beber
E depois paragada
Hoje tem farra
Vou fazer o movimento
Lá no meu apartamento
Entrou, gostou, gamou, quer mais...
Já preparei, abasteci a geladeira
Tá lotada de cerveja
O muído vai ser bom demais...
O prédio vai balançar
Quando a galera dançar
E a cachaça subir
Fazer zum, zum...
Não tem hora pra parar
O cheiro de amor no ar
Vai todo mundo pirar
E ficar nu (todo mundo nu!)...
Eu vou zoar e beber
Vou locar uma Van
E levar a mulherada lá pro meu apê
Que é pra gente beber
E depois paragada, pa ra ra, pa ra ra

E depois paragada, pa ra ra, pa pa ra


Muito embora a letra seja na "lingua brasileira", à princípio de fácil entendimento, há apresentação de legendas, o que fez com que a minha atenção fosse alertada. A letra é cantada (?) a pelos pulmões pelo cantor e pela platéia. Será que a legenda é para facilitar a decoreba da letra? sei lá. Em tempos que as pessoas, jovens principalmente, saem das baladas um tanto quanto alteradas, dirigindo perigosamente. matando e morrendo parece ser uma letra um tanto perigosa. Outra "letra", com o mesmo intérprete: 

Hoje é sexta-feira
Chega de canseira
Nada de tristeza
Pega uma cerveja
Põe na minha mesa
Hoje é sexta-feira
Traga mais cerveja
Tô de saco cheio
Tô prá lá do meio
Da minha cabeça
Chega de aluguel
Chega de patrão
O coração no céu
E o sol no coração
Prá tanta solidão
Cerveja cerveja cerveja cerveja cerveja
Cerveja

Ainda que "um é bom, dois é pouco, três é demais" aqui vai mais uma: 

Arreia cerveja que eu quero beber
Arreia cerveja que eu quero esquecer
Os olhos dela o perfume dela eu quero esquecer
Arreia cerveja que eu quero beber
Arreia cerveja que eu quero esquecer
E se eu passar mal e baixar no hospital deixa logo eu morrer
Sou assim passo a noite largado na rua
Doido virado de quina pra lua
Tentando esquecer uma louca paixão
Eu sou assim apaixonado pelos bares da vida
Bebendo e chorando por essa bandida
Que fez tanto estrago no meu coração
E cada vez que eu ligo o som do carro uma canção me traz
Boas lembranças de você ai­ eu bebo mais
Eu fico entregue as baratas sem era e nem bera
E a bebedeira é pesada e só acaba se eu cair no chão
Garçom me traga o remédio pra essa solidão
Que eu vou curar minha tristeza hoje aqui na mesa.


Levantamento efetuado pelo Hospital Universitário da USP mostra que, "de 2002 a a 2012, adolescentes e jovens de 13 a 22 anos compuseram a faixa etária que mais procuraram atendimento em decorrência de intoxicação aguda por ingestão de álcool: foram 35% dos 1.370 atendimentos".


O interessante é que depois, os mesmos apresentadores de televisão, os cantores, duplas e conjuntos são os primeiros a "fazerem campanha" contra a violência no trânsito e outras. Após a "música" o cantor bem que poderia dizer " se beber não dirija, se dirigir não beba". Alertar também para o uso de camisinha pois, sabe-se lá, depois de "o cheiro de amor no ar, vai todo pirar e ficar nu (todo mundo nu)". Mais um alerta do cantor "ao sairem não esqueçam de se vestirem".

Ocupei bastante espaço com as "letras", acho que não há necessidade de mais letras de minha parte. 

Ah! tomo a minha cervejinha, lá se vão muitos e bons anos, com amigos, conversando, ouvindo boa musica e procurando viver a vida.  



Ah! também: nada contra e exclusivamente o leonardo. Foi apenas o "bode expiatório". Infelizmente faz parte da maioria. 
Adbox