Sábado, 18 de março, 20 horas, no Teatro Maria Dudé, Itaim Bibi:
Consuelo de Paula reinicia mais um ciclo de sua trajetória musical/artística que completa 25 neste ano gracioso de 2023. Uma série de shows, a começar por este em São Paulo, dia 18. Em seguida Campinas (30/03) no Centro Cultural Casarão e Jundiaí (31/03), no Teatro Polytheana, onde foi gravado o DVD Negra. Em São Paulo será acompanhada pela percussionista Priscila Brigante e em Campinas e Jundiaí (30 e 31/03) pelo pianista Guilherme Ribeiro.
Quase fui tentado a escrever “novíssimo ciclo”, mas em se tratando de Consuelo, talvez a expressão não seja adequada, pois, ao verificar sua trajetória, distribuída em 7 CDs, um DVD e um livro de poesias, notamos que existe uma coerência, um equilíbrio onde não existem modulações bruscas. Embora cada trabalho seja independente e cada um tenha sua força e brilho próprio, cada um parece um desdobramento de uma obra já pronta, que ela carrega consigo, como se sua sina de artista já estivesse definida desde sempre: toda a sua obra já está feita, e de tempos em tempos ela nos revela uma parte. A pessoa e a obra são indissociáveis. O resultado é uma construção perene, ao longo do tempo em trabalhos que se interligam, dialogam entre si. Embora independentes e distintos, fazem parte do mesmo tronco; cada trabalho é uma revelação, como se fosse a construção de uma nova ala de uma casa enorme, do tamanho do Brasil. E os compartimentos desta “casa” se abrem generosamente aos convidados, seu público cativo, fiel e afetuoso: por isso cada re-encontro é regado à lágrimas de alegria e emoção.
Sua “Casa” (título de seu 4º disco) representa simbolicamente a imensa variedade de nossa cultura musical de caráter popular; ali se guarda a memória de um acervo infinito; pois, toda obra de caráter verdadeiramente popular é uma contínua reinvenção a ponto de podermos afirmar sem medo de errar que a tradição conduz ao universal, ou seja, ao erudito, que é nada mais ou menos que a culminância da arte nascida pura. Genuinamente pura.
As apresentações com convidados (e convidadas) é uma rara oportunidade de apreciar uma artista na plenitude de sua criação. Como a perfumista sempre em busca do aperfeiçoamento de cada fragrância, transforma suas apresentações, cada uma delas, na “sagração do instante”. Sua entrega absoluta, de corpo e alma, desperta e aguça não apenas nossa sensibilidade, mas o nosso sentimento de pertencimento a uma brasilidade pujante e vigorosa: o brasileiro é, antes de tudo, um resiliente! Seu canto vibra e ressoa afinidades, que se descobre a cada audição, a cada apresentação. A artista que conhece sua gente, mergulha fundo e redescobre coisas aparentemente perdidas – embora latentes – nas curvas do tempo e dos lugares; talvez isso explique porque seu público jamais fica indiferente à luz que irradia do palco. Cada apresentação da mineira de Pratápolis vai além do espetáculo; cada experiência vai além da musica, além do entretenimento, o que, convenhamos, em tempos estranhos como esses que vivemos, já estaria de bom tamanho! Já seria “uma pausa na loucura”, como diria o conterrâneo Guimarães Rosa.
A percussionista Priscila Brigante, com quem ela se apresentou em outubro de 2022 no espetáculo Atiarú, amplia a função e importância do toque percussivo em sua música: é a reafirmação/re-descoberta de sensações ancestrais oriundas dos batuques, dos tambores ouvidos das longínquas e nostálgicas congadas que a criança Consuelo ouvia na infância, do alpendre da casa dos avós na Pratápolis natal, e que a marcariam, indelevelmente, para sempre. Os batuques foram a experiência primeva, de música e de vida, a partir da qual tudo o mais é acrescido. Os sons e imagens vivas da primeira infância foram ao longo do tempo continuamente reelaboradas até alcançarem a máxima intensidade de Maryakoré, chegando ao despertar dos “chamamentos”, os cantos de amor e de guerra que insufla em cada um de nós. A percussão de Priscila faz esses cantos/chamamentos mais eloquentes!
ROTEIRO:
composições próprias – “Caminho de Volta”, “Os Movimentos do Amor”, “Arvoredo”, “Separação”;
parcerias – “Remando Contra a Maré” (com Rafael Altério), “Retina (com Rubens Nogueira), “Dança para Um Poema” (com Rubens Nogueira), “Curativo” (com Rubens Nogueira).
O roteiro traz ainda “Morte de Um Poeta (Totonho e Paulinho Resende), “Rio Correntina” (João Bá), “Ponto de Jongo” (DP, jongo de São Paulo) e “Caicó” (tema popular adaptado por Heitor Villa-Lobos)
SERVIÇO:
Show: Consuelo de Paula convida Priscila Brigante
Dia 18 de março – sábado, às 20h
Teatro Maria Dudé
Rua Virgilio Várzea, 98 – Itaim Bibi
Duração: 60 min. Classificação: Livre. Capacidade: 140 lugares.
Ingressos: R$ 60,00 (meia entrada: R$ 30,00)
Ingressos antecipados (até 17/3): R$ 50,00 (meia-entrada: 25,00)
A circulação integra o projeto Maryákoré, de Consuelo de Paula, contemplado pelo ProAC, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, no Edital Nº 16/2022 – Música Popular / Circulação de Espetáculo
Vendas: https://www.sympla.com.br/consuelo-de-paula-convida-priscila-brigante__1901060