Sou paulistano da Bela Vista, nascido na Maternidade São Paulo no início de 1954. Hoje moro no Jardim da Glória, Cambuci, mas a gente de casa fala que é Ipiranga, que é mais conhecido. Vivi uma parte da minha primeira infância numa travessa da Av Brigadeiro Luiz Antonio, quase no centro da cidade, então sou bem urbano. Raras vezes fui pro mato. O máximo, nos anos 60, era ir até Utinga (Santo André), na casa de uns tios que tinham um terrenão e criavam vários animais: galinha, coelho, pato, uma vaca. Era o mais longe da capital que eu ia e o máximo de música caipira que eu conhecia - e naquela época eu não gostava - eram as músicas que eu ouvia lá em Utinga. Luar do Sertão é, sem dúvida, a que mais me lembro.
Passados mais de 30 anos, eis que me vejo com uma chácara (chacarazinha) próxima de Sorocaba, criando galinha, codorna, porco, o caseiro e sua próle. Ainda nesta época eu ouvia muita música americana e, no máximo, algumas mpbs. Passados mais alguns anos, meu amigo Yoshi e sua esposa Jane me levaram num barzinho escuro, estranho, para ouvir música regional, de viola (sabia lá eu o que era isso, achei até que fosse "sertanojo"). Logo de cara conheci o dono do lugar, amigo de Yoshi e cantor. Alto, muito alto, com um rabo de cavalo imenso e de chápeu. Não sei não, mas acho que foi amor a primeira vista (vejam bem, amor no bom sentido, de amizade). Então eu e minha esposa Lúcia Helena ficamos lá, aguardando para ouvir o tal cantor, enquanto o pessoal ia chegando: Rui e Sandra (um casal que eu havia conhecido dias antes), Giba, Sílvia e, lá pelas tantas, um tal de Zé Maria (este que escreve neste blog), o Alcides (ai que vergonha do Arcides) e a Josefina, a Marisa (esposa do cantor cabeludo), sei lá, tanta gente que nem lembro mais.
Depois de alguns uísques e umas cervejinhas, o show pra começar - grande apreensão pois eu nem conhecia direito viola, violão de 12 cordas ( prá que tantas?) - sobem no palco o cabeludo e sua esposa. Começam a fazer uma viagem por este mundão de Brasil, com umas músicas que eu até conhecia, outras que nunca tinha ouvido, alguns causos e, hora depois, quase no fim e eu já me rendendo ao prazer de ouvir aquele som, o cantor cabeludo toca uma música que eu conhecia, um instrumental TRENZINHO CAIPIRA, de Villa Lobos, na viola. Fiquei maravilhado, aí REALMENTE ME APAIXONEI por esse cantor cabeludo, hoje meu querido amigo Oswaldinho Viana, e sua esposa Marisa Viana. Me fizeram gostar de música de viola, violão de 12 cordas, e muito mais. Hoje, quando vejo a lua cheia, principalmente lá na minha chacrinha, ela parece diferente e logo me vem à mente uma música do primeiro cd da dupla: "lua como você esta bonita tá parecendo lamparina á querosene".
Depois tem mais.
Catito.