As fortalezas do nosso Sertão-Centrão Paulistano foram atacadas por "soldadinhos de chumbo" que, ao ganharem vida na Rua do Carmo, transformaram-se nos músicos/comediantes/atores da Cie. Transe Express, mostrando os sons típicos dos tambores franceses com influencias da percussão africana, mediterrânea, bretã e, não poderia deixar, passeando pela “batucada brasileira”.

Fazem acompanhamento percussivo no show da dupla de “breganejos” na Praça da Sé – em contraponto, ou contra som, ao aparato de microfones, violão elétrico e caixas de som. Os cantores aceitam com extraordinário bom humor a “cozinha” francesa e o repentino baile formado pelos acompanhantes do cortejo.
O “avanço” é totalmente improvisado e adequado rapidamente ao espaço e situações sempre sob o comando do apito do “capitão”, em fila indiana , indo, voltando ou fazendo círculos em volta das pessoas sem “respeitar” hierarquia ou “classe social”, desde a policial da Guarda-Municipal que se afasta irritada, ao executivo do mercado financeiro que olha de lado e, sem jeito sorri, as secretárias do alto dos seus saltos elegantemente vestidas, ao office-boy, aos vendedores ambulantes e quando ficam lado a lado “obrigam” os caminhantes a recuar sem entenderem absolutamente nada até quando "são tirados para uma dança".
Não perdem a “pose” e o humor quando ao “fecharem” dois senhores que conversavam o mais jovem ameaçou uma reação nada amistosa, ao segurança de uma loja que do alto da sua autoridade, altura e tamanho fechou os braços, a cara e a porta não permitindo a entrada mesmo sob protesto das vendedoras.
Os “soldadinhos” são todos percussionistas, dominam a arte do circo, do teatro, da dança, e adquirem no dia a dia necessário jogo de cintura para “enfrentar” as mais diversas situações.
Que oportunidade para desmistificar a idéia formada de que os paulistanos são mal humorados e vivem só correndo. Defendo sempre a preservação das nossas tradições, da nossa cultura e, no mesmo centrão, é diária as performances dos nossos brincantes, dos nossos artistas de rua, da criatividade dos vendedores de "bugigangas" - conhecem o vendedor de "miado de gato"? - mas aqui não posso deixar de registrar o quanto foi emocionante a performance dos artistas franceses plenamente correspondida pelas pessoas. Nada mais oportuno do que lembrar de Plínio Marcos: “ Um povo que não ama e não preserva suas formas de expressão mais autênticas jamais será um povo livre” .
Liberdade, igualdade e fraternidade.
Liberdade, igualdade e fraternidade.