CHARRUA, DE NOEL ANDRADE

    Belas damas e nobres senhores, temos um novo disco na praça, certamente encontrável nas melhores casas do ramo, como diz o guru ZéMaria, lá de Paraguaçu Paulista.

 
  
     O violeiro Noel Andrade, nascido em Patrocínio Paulista, nos convida a um passeio pelo Brasil à bordo de “Charrua”, seu disco de estréia, há muito esperado. É um mergulho num mundo rico em histórias, ritmos e harmonias musicais que evocam os primórdios musicais do grande Brasil até os dias atuais. Revisita compositores tradicionais, dando-lhes nova roupagem, mostra composições próprias e parcerias com Renato Teixeira e outros autores de nossos dias. Noel é da nova geração de violeiros, embora urbano, de pés solidamente fincados na tradição e na história. “Charrua” viaja pelo oeste paulista, litoral, montanhas, chapadões, caminhos de tropas e terreiros.  

   Reconhecemos ecos chegados de pontos aparentemente díspares, dos Andes à pampa, timbres característicos e peculiares que atravessam fronteiras, desde o grande e velho Mato Grosso ao folclore caiçara. Tem a presença, entre outros, de Negão dos Santos, figura ícone de São Luiz do Paraitinga, uma das “Mecas” do mundo caipira paulista. Destaque também para a presença de Kátya Teixeira, Musa de nossa música.

    Pesquisador atento, Noel aprende e ensina mundo afora, detendo-se em cada tema, traduzindo, recriando, transformando, demonstrando vivamente que a cultura tradicional mais do que nunca se conecta ao mundo. Discípulo direto de Gedeão da Viola, seu toque remete a Tião Carreiro e outros mestres, incluindo Dércio e Doroty Marques.
 

 

















 
    Venham, vamos todos, há bastante lugar, a viagem começa. 

 



CHARRUA: embarcação de carga, muito comum no Brasil oitocentista, caracterizada pela grande capacidade e também pela lentidão, razão pela qual acabou em desuso, substituída pelas modernas e ágeis formas de transporte. “Charrua” também remete a uma nação indígena do Sul do Brasil, nordeste argentino e Uruguai, hoje praticamente desaparecida, exterminada ou fundida (amalgamados) aos demais povos da região, pois nunca foram completamente catequizados; é também o nome de um tipo de arado usado desde a Idade Média e o nome que se dá a determinado tipo de trança de couro, o acabamento que esconde as pontas da trança.











   





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