Quer conhecer São Paulo? Conheça a cultura caipira.
O caipirismo está
na gênese do paulista e do paulistano, por mais que possa estar distanciado do
universo chamado caipira.
São Paulo, antes de
tudo é uma megalópole e como é comum a todas, por todo o mundo, possui
variedades quase infinitas, pois a
cidade, é, em essência, um ser mutante,
está em constante transformação, é de sua natureza.
A cidade, dizia Ítalo Calvino, “...é o espaço onde se permite exprimir a tensão entre a racionalidade
geométrica e o emaranhado das existências humanas.” Por isso, ou em razão
disso, a cidade (ou as cidades) é na maioria das vezes um ambiente caótico. Podem
ser conhecidas ou se fazer presente nas
memórias das pessoas – seus habitantes ou turistas – pelas cores, cheiros, pelos gritos dos vendedores, pela
musica, pelas condições atmosféricas, pela arquitetura, por seus rios e lagos.
São Paulo tem um pouco disso: infiltra-se nas mentes e corações das pessoas que
dela guardam determinadas sensações ou imagens: há quem deteste seu
transito caótico; há quem retenha dela a
imagem da feiúra de seus edifícios. E há quem a ame por sua diversidade, pelo
verdadeiro mosaico de que é constituída a cidade.
Uma característica é inegável,
com a qual todos concordam: São Paulo é cidade que acolhe, mesmo que vez ou
outra alguns grupos radicais ou mesmo governantes tenham a tentação esdrúxula de
“limpar” a cidade dos que chamam indesejáveis, os imigrantes e/ou migrantes,
notadamente pobres. Bom, felizmente, isso por aqui simplesmente não funciona,
pois São Paulo foi construída amalgamando todas as gentes e suas culturas. E
uma cidade não é apenas seus edifícios, sua economia; uma cidade resulta dos
desejos e das paixões das gentes que nela vivem.
São Paulo, dentre
todas as grandes cidades do mundo, é aquela onde o “outro” tem seu lugar. Eu
arriscaria dizer que essa aceitação tácita do “outro” – mesmo contestada em
determinados momentos e situações – é herança indígena, pois é sabido que os
povos indígenas que viviam neste lado da América (ao Sul do Equador) tinham em
suas mitologias primitivas, sempre um lugar reservado ao “estrangeiro”, ao “outro”.
O caipirismo referido
no inicio deste texto é apenas uma das facetas de São Paulo.Importante,
fundamental, contudo: do que resultou a urbanização em massa, o caipirismo resistiu à transições. Ficou
no imaginário e mesmo que num determinado momento o “ser caipira” tenha tido conotações
pejorativas, acabou por ser um dos símbolos da identidade paulista ou mesmo
paulistana, pois São Paulo, em seus primórdios foi uma cidade provinciana. A
caipirismo acabou por ser associado à memória afetiva, ao passado idílico, a
certa pureza que a distância no tempo e na história termina por construir um “ideal”
lendário, que por sua vez ameniza as cicatrizes das lutas que por cá se
travaram noutros tempos. Que prevaleça a lenda da cordialidade e da alegria,
pois isso também é fato, é verdade. E a
lenda, sabemos, pode ser mais forte que a própria história, terminando por se impor.
Neste final de semana, no Espaço da Fundação Ema Klabin,
localizado na Rua Portugal, 43, no Jardim Europa, “Tardes Musicais com Osni
Ribeiro”.
Osni é violeiro e estudioso da Cultura Caipira. Natural de
Botucatu (onde atuou como Secretário de Cultura), terra mítica de violas e violeiros, que consagrou para o mundo o grande artista Angelino de
Oliveira, um dos símbolos da arte musical brasileira, que dispensa apresentação
e cujos quesitos falam por si: a apresentação de Osni e seus companheiros é
chamada São Paulo Caipira e os curiosos pela cultura e história de São Paulo
terão uma raríssima oportunidade de aprofundar numa história que no fundo é de
todos nós.
De Osni já falamos por aqui. Não faz muito tempo publicamos
um texto sobre ele e um violeiro co-irmão, o paranaense Emiliano Pereira. Quem
tiver curiosidade de conhecer um pouco mais (Osni Ribeiro e Emiliano Pereira: Dois Violeiros, um de lá, um de Cá), pode acessar o link abaixo:
1.
SERVIÇO:
Fundação Ema Klabin,
apresenta:
Tardes Musicais, São Paulo Caipira
Comas presenças d o
violeiro Osni Ribeiro, Arnaldo Silva
(vocal e violão) e Marcos Lopes (acordeon)
Próximo sábado,
17/08/2019, as 16:30
Rua Portugal, 43 –
Jardim Europa
Entrada França.
Com os três instrumentos abaixo visualizados, realiza-se uma autentica Festa do Interior:
Pequeno release do
Trio, fornecido por Osni:
·
Osni
Ribeiro é violeiro, compositor e
apaixonado pela música e cultura caipira. Com mais de 30 anos de carreira, está
lançando novo álbum – Arredores – onde mescla trabalhos autorais e clássicos da
música raiz e desenvolve projetos de pesquisa e difusão da música regional
paulista, inclusive a música caipira.
·
Arnaldo
Silva – violão e vocal: Com sólida
formação em violão clássico e também bom compositor, encontrou resposta aos
seus anseios artísticos na arte educação e em trabalhos que recuperam a memória
da música brasileira, seja no samba com o grupo Moreiras da Silva ou na música
caipira com os violeiros Rubens Brito e o Osni Ribeiro.
·
Marcos
Lopes – acordeom: De família de
músicos, o jovem acordeonista vem conquistando destaque como instrumentista,
seja atuando em estúdios de gravação, acompanhando outros artistas, integrando
grupos de bailes ou desenvolvendo trabalho exclusivamente instrumental
encabeçando o grupo Aerofole.